Centenas de pessoas compareceram à sede do Sindipetro-SP, neste sábado (15), para reafirmarem o compromisso das famílias com a paralisação da categoria
Por Guilherme Weimann
Não existe ninguém que goste de fazer greve, mas ela é a última estratégia que os trabalhadores utilizam para lutar pelos seus direitos. Quando uma paralisação é deflagrada, uma série de medidas do Estado para criminalizar os trabalhadores também é acionada: congelamento dos salários, ameaças, demissões e até prisões. Entretanto, estes são os principais momentos nos quais se estreitam os laços de solidariedade e união.
Foi justamente essa demonstração que os familiares dos petroleiros em greve há quinze dias deram nesse sábado (15). A partir da auto-organização, cerca de 200 pessoas compareceram à sede do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, em Campinas (SP), para reafirmarem o compromisso com a mobilização da categoria. Uma feijoada foi compartilhada entre os presentes.
A petroleira Lucimeire Araújo de Sousa, 51 anos, foi uma das que compareceu junto com toda a família. Desde 2004 na Petrobrás, a operadora de vapor acredita que é essencial momentos como esse para renovar as energias. “Greve é um momento difícil na vida da gente, mas é um mal necessário. Nós precisamos de momentos assim, porque se ficarmos vivendo só a pressão de ‘vamos perder salário, emprego?’, ninguém aguenta. Precisamos de momentos assim para dar uma força, uma carga na gente”, afirma Sousa.
Na sua opinião, esta é a maior greve desde que ingressou na companhia e não há dúvidas que será a mais difícil. Entretanto, enxerga a mobilização como imprescindível para tentar barrar os retrocessos. “Atualmente, a gente tá lutando contra a demissão de mil trabalhadores da Fafen [Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná], mas a situação é generalizada. Essas demissões estão acontecendo no país todo. Eles querem entregar nossas riquezas e vender nosso país. Por isso, nós precisamos lutar”, opina Sousa.
Esposo da petroleira, Márcio de Lima também participou da confraternização e alertou para a importância da sociedade se unir a essa luta. “Primeiro que a gente não está de fora, a gente está dentro também. Aqui é um espaço também de reivindicação e de diálogo, para as famílias conversarem sobre esse momento, para que se unam mais ainda”, relata Lima.
Opinião semelhante demonstrou Marcos Margarido, 66 anos, técnico de inspeção aposentado há seis anos. Durante a histórica greve de 1995, o petroleiro foi demitido pela direção da empresa e readmitido apenas alguns anos depois.
Com isso, precisou da solidariedade dos companheiros para pagar as contas e continuar na luta. “O que eu mais consigo traçar um paralelo com a atividade de hoje é o Fundo da Greve. Quando eu e outros quatro companheiros fomos demitidos na greve de 95, o que ajudou a nos manter foi este fundo. Essa solidariedade é muito importante”, recorda Margarido.
Diversas atividades com as famílias e com o restante da população da região estão previstas para esta terceira semana de greve nacional dos petroleiros.